Etarismo e Economia Prateada: Como Valorizar o Potencial da Longevidade no Mercado e na Sociedade
- Carolina Dostal
- 30 de nov. de 2024
- 3 min de leitura

O etarismo, ou preconceito por idade, é uma realidade que impacta diretamente a vida de muitas pessoas mais velhas, restringindo oportunidades e reduzindo a qualidade de vida. No Brasil, o tema chamou atenção com o caso de estudantes que ridicularizaram uma colega mais velha, revelando como alguns ainda mantêm uma visão distorcida sobre envelhecimento, sustentada em estereótipos e preconceitos.
No mercado de trabalho, o etarismo é evidente em práticas que priorizam "jovens talentos", ignorando o valor dos profissionais mais experientes. Esse tipo de visão não só reduz o potencial de inovação, como limita a troca de conhecimentos essenciais entre gerações. Ao deixar de considerar a contribuição dos trabalhadores mais velhos, muitas empresas perdem uma chance de enriquecer sua cultura organizacional com diversas visões e competências.
Além do ambiente de trabalho, o preconceito por idade também é reforçado na mídia e nas redes sociais, onde a imagem dos mais velhos costuma ser ligada à fragilidade ou ao isolamento. Essa visão negativa impede que o envelhecimento seja visto como algo natural e positivo. Viver mais anos e com qualidade de vida deveria ser motivo de respeito e celebração. No entanto, sabemos que o isolamento provocado pelo etarismo pode afetar a saúde mental dos idosos, aumentando riscos de depressão e ansiedade. Precisamos pensar sobre as consequências de tais comportamentos.
O combate ao etarismo é também o caminho para dar espaço a um mercado que vem crescendo em todo o mundo: a "economia prateada." Essa economia envolve o poder de consumo da população mais velha, que, longe de ser inativa, se mostra cada vez mais interessada e engajada. Em países onde a população está envelhecendo rapidamente, a economia prateada já é um dos grandes motores do mercado, com uma demanda crescente por produtos e serviços que atendam necessidades e interesses dessa faixa etária. Desde o setor de saúde e bem-estar até o turismo e a moda, tudo se transforma para acompanhar a longevidade ativa dessa população.
O tamanho desse mercado é gigantesco e a expectativa é que cresça ainda mais nas próximas décadas. Estima-se que até 2050 a economia prateada alcance trilhões de dólares globalmente, uma oportunidade considerável para empresas que saibam inovar e se conectar com esse público. Aqui no Brasil, o potencial também é enorme, com o público 50+ representando uma parcela significativa do consumo em áreas que vão de moda e tecnologia até o mercado imobiliário adaptado a suas necessidades.
A tecnologia tem sido uma forte aliada para a economia prateada, trazendo soluções práticas e inovadoras para a vida dos mais velhos. Hoje, encontramos desde dispositivos de monitoramento de saúde até aplicativos que facilitam o deslocamento e a comunicação. Os investimentos em inteligência artificial, por exemplo, têm possibilitado diagnósticos mais rápidos e precisos, com dispositivos que identificam condições de saúde de forma proativa e ajudam a melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas.
Enxergar o envelhecimento populacional como uma oportunidade, e não como um problema, é essencial para as próximas décadas. A economia prateada não beneficia apenas os idosos, mas toda a sociedade, promovendo uma convivência mais rica entre gerações e valorizando a experiência de vida acumulada. Esse movimento abre caminho para que a longevidade seja uma fase produtiva e realizadora, contribuindo para o mercado e para o bem-estar geral.
Valorizar a diversidade etária e incentivar o desenvolvimento da economia prateada é fundamental para o futuro. As empresas e governos que perceberem a relevância desse público estarão prontos para se destacar em um mundo que envelhece, mas que se mantém vibrante e repleto de novas oportunidades.
Comments